Papa Leão XIV pede esperança ante multidão de jovens no Líbano
O papa Leão XIV foi recebido com fervor por milhares de jovens no Líbano nesta segunda-feira (1º) em um ato no qual pediu a construção de "um futuro de paz e desenvolvimento", apesar da crise que o país atravessa.
Milhares de pessoas se aglomeraram nas ruas, com bandeiras do Vaticano, para ver o pontífice americano, em um ambiente festivo, com vivas e arroz em sinal de celebração, apesar da chuva.
No segundo dia de sua visita, Leão XIV se deslocou a Bkerké, ao norte de Beirute, para um encontro com a juventude, que reuniu cerca de 15 mil pessoas, segundo os organizadores.
O pontífice instou os presentes a "construir um futuro de paz e desenvolvimento", após ouvir os depoimentos de vários jovens que relataram as dificuldades que enfrentam em um país marcado pela crise econômica e que se recupera da última guerra com Israel.
"Vocês têm o entusiasmo necessário para mudar o curso da história", afirmou. "Jovens do Líbano, cresçam fortes como os cedros e façam o mundo florescer com esperança!"
Stéphanie Nasr, de 25 anos, disse que ficou "muito emocionada" com o discurso do papa.
"É uma mensagem de paz, mas também um reconhecimento de toda a resiliência que mostramos e da solidariedade que o Líbano e os jovens mostraram nos últimos anos", declarou a jovem à AFP.
- Uma mensagem contra a intolerância -
Mais cedo, Leão XIV instou os líderes de diferentes comunidades religiosas libanesas, reunidos no centro de Beirute, a combater a intolerância e a violência nesse país formado por diversas comunidades religiosas.
"Vocês são chamados a serem construtores da paz: a enfrentarem a intolerância, a superarem a violência e a banirem a exclusão", declarou o papa neste país profundamente dividido.
Um após o outro, os representantes das 12 comunidades cristãs e das quatro muçulmanas se sucederam para destacar a importância da convivência no Líbano, que sofreu uma longa guerra civil (1975-1990).
O papa iniciou a jornada com uma visita ao mosteiro de Annaya, nas montanhas ao norte de Beirute, que abriga o túmulo de Charbel Makhlouf, um monge maronita canonizado em 1977 e reconhecido por unir cristãos, muçulmanos e drusos.
"Para o mundo, pedimos paz. Especialmente, imploramos por ela para o Líbano e para todo o Oriente Médio", disse, no interior do mosteiro de pedra, iluminado por velas.
A chegada do pontífice despertou grande entusiasmo na população libanesa, que vive com o temor de um novo conflito aberto com Israel.
Apesar da trégua de novembro de 2024 em sua guerra contra o movimento islamista pró-iraniano Hezbollah, Israel intensificou seus ataques no Líbano nas últimas semanas.
Leão XIV chegou da Turquia no domingo, na segunda etapa de sua primeira visita ao exterior como pontífice. As autoridades decretaram feriado nos dias 1º e 2 de dezembro.
Após a visita ao mosteiro de Annaya, o papa seguiu para o santuário de Harissa, também a norte de Beirute, que abriga uma gigantesca estátua de Nossa Senhora do Líbano.
No local, ele pronunciou um discurso em francês diante de centenas de bispos, padres e religiosos, em meio a gritos de "Viva o papa!".
Leão XIV convidou os libaneses a "seguir esperando e trabalhando, mesmo quando [...] o barulho das armas ressoa ao redor e as exigências da vida cotidiana se tornam um desafio".
"Vivemos quase dois anos e meio de guerra, mas nunca sem esperança", afirmou à AFP o padre Tony Elias, de 43 anos, sacerdote maronita do vilarejo de Rmeich, próximo da fronteira com Israel.
No domingo, Leão XIV pediu aos libaneses que "permaneçam" em seu país, onde o colapso econômico iniciado em 2019 provocou uma emigração em massa.
Apesar da ausência de números oficiais, o centro de pesquisa independente Al-Doualiya calcula que 800 mil libaneses deixaram o país entre 2012 e 2024. A população atual é estimada em 5,8 milhões de habitantes, incluindo mais de um milhão de refugiados sírios.
D.Fischer--NRZ