

Novos confrontos no sul da Síria, apesar da retirada das tropas governamentais
Após a retirada das forças governamentais, a violência prosseguia nesta sexta-feira (18) em Sweida, no sul da Síria, onde chegaram combatentes sunitas de outras áreas do país para enfrentar a minoria drusa.
Os combatentes dos dois lados confirmaram aos correspondentes da AFP as trocas de tiros, após vários dias de confrontos que deixaram quase 600 mortos, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
A violência não deu trégua, apesar da retirada das forças governamentais na quinta-feira da cidade de Sweida, com grande presença da comunidade drusa. O presidente interino da Síria, Ahmad al Sharaa, afirmou que ordenou a saída das tropas para evitar uma "guerra aberta" com Israel.
O Exército israelense bombardeou nos últimos dias alvos governamentais na província de Sweida e em Damasco, alegando que pretendia defender os drusos, uma minoria presente em Israel e na colina síria de Golã, ocupada pelo Estado hebreu desde 1967.
O OSDH, que tem uma ampla rede de fontes, relatou "confrontos ao oeste de Sweida entre combatentes tribais e beduínos de um lado, apoiados pelas autoridades, e combatentes drusos do outro".
O governo sírio enviou suas forças à região na terça-feira, com a meta de encerrar os confrontos entre combatentes drusos e tribos beduínas sunitas locais que começaram no domingo passado.
Grupos drusos e testemunhas acusaram as forças governamentais de lutar ao lado dos beduínos e de execuções sumárias durante a mobilização em Sweida.
Os combatentes das tribos árabes sunitas, que viajaram de várias regiões da Síria para apoiar os beduínos, estavam concentrados nesta sexta-feira em várias localidades ao redor de Sweida, segundo correspondentes da AFP.
Os repórteres ouviram tiros e explosões de forma intermitente. Vários combatentes drusos disseram à AFP em Sweida que estavam respondendo ao fogo na zona oeste da cidade.
Um líder tribal, Anas Al Enad, disse à AFP perto da localidade de Walgha que viajou com seus combatentes da região central de Hama "para responder aos pedidos de ajuda dos beduínos".
Um correspondente da AFP observou casas, lojas e carros queimados ou ainda em chamas na cidade drusa de Walgha, agora sob o controle de forças tribais e beduínas.
- "Situação catastrófica" -
Na cidade de Sweida, que sofre uma escassez de água e de energia elétrica e onde as comunicações estão cortadas, "a situação é catastrófica, não há nem leite em pó para bebês", declarou à AFP o editor-chefe do portal de notícias Suwayda 24, Rayan Maaruf.
O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu nesta sexta-feira uma investigação rápida sobre a violência.
"O derramamento de sangue e a violência devem cessar, e a proteção de todas as pessoas deve ser a prioridade absoluta. Devem acontecer investigações independentes, rápidas e transparentes sobre todas as violações e os responsáveis devem prestar contas", declarou Türk.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel anunciou o envio de ajuda humanitária para os drusos da Síria.
A comunidade drusa da Síria, com uma grande concentração em Sweida, tinha quase 700.000 pessoas antes do início da guerra civil.
O Exército israelense negou os relatos da agência estatal de notícias síria sobre bombardeios durante a noite de quinta-feira perto da cidade de Sweida.
A.Pohl--NRZ