Ministro colombiano denuncia espionagem de seu telefone com software Pegasus
O ministro do Interior da Colômbia, Armando Benedetti, declarou, nesta quarta-feira (3), que seu telefone foi grampeado com o software espião Pegasus, fabricado pela empresa israelense NSO, em meio a um escândalo que atinge o órgão de inteligência.
O presidente da Colômbia, o esquerdista Gustavo Petro, denunciou a compra do Pegasus por seu antecessor, Iván Duque (2018-2022).
Benedetti disse que contratou um investigador particular para determinar se seu celular havia sido infectado com um software malicioso. "Esse estudo mostra que o Pegasus está instalado", afirmou em entrevista à W Radio.
O sistema de inteligência colombiano está sob escrutínio depois que a emissora Caracol Televisión revelou diálogos de um líder guerrilheiro que sugerem uma suposta infiltração de insurgentes em altas esferas do governo.
Benedetti assegurou ter recorrido ao investigador particular porque sentiu "pouca credibilidade (...) em alguma agência do Estado" com capacidade para fazer uma inspeção em seu dispositivo.
"Presumimos que é uma interceptação ilegal", disse em uma declaração por vídeo o ministro da Justiça, Andrés Idárraga. "Queremos saber quem deu a ordem", acrescentou.
O Pegasus permite acessar mensagens e chamadas de um usuário em plataformas de mensagens instantâneas criptografadas, segundo revelaram análises do grupo de pesquisas Citizen Lab, da Universidade de Toronto, que há anos estuda o software e sua evolução.
Também permite ativar remotamente câmeras e microfones em smartphones sem que os usuários percebam.
Especialistas independentes apontam que o spyware é usado em vários países, como México e Arábia Saudita, onde foram documentados casos de espionagem de ativistas e jornalistas.
Desde que Petro revelou, em 2024, que o governo antecessor tinha comprado este programa espião através de um esquema que denunciou como lavagem de dinheiro, organismos de inteligência não puderam determinar qual instituição o controla.
"Não sabemos quem o usou ou quem o usa", admitiu o diretor da agência civil de inteligência, Jorge Lemus, em entrevista à AFP na última sexta-feira.
Segundo Lemus, a aquisição do software foi feita "hipoteticamente para atacar o narcotráfico".
B.Schmidt--NRZ